Reflexões Rápidas: Hannibal

Na série Hannibal, toda vez que Will Graham diz, "that's my DESIGN", após "entrar" na mente de um serial killer, ele o diz em dois níveis de interpretação: a) forma, sinal; e b) propósito. (Pense na forma como se diz "desígnio" quando se referem nas igrejas aos propósitos de Deus.) A palavra tem origem latina, "designium". Em uma série onde a protagonista é um homem renascentista, a expressão ganha peso pois, contemporizando para antes do modernismo, a Arte dispõe que o artista deve procurar tanto uma expressão própria quanto mover o espectador/leitor em direção a uma emoção ou significado específico - durante séculos, os artistas seguiam propostas poéticas (formas narrativas) dispostas por nomes da Antiguidade, como Aristóteles, Horácio, etc. Ao longo do tempo, outros pensadores disporiam maneiras de como "gerar" Arte significativa, como Tomás de Aquino, Schiller, Goethe, entre outros. O que a série expõe é a Arte do Assassinato, a questão estética refletida recentemente devido a casos como o de Leopold e Loeb, que pensavam no tema para além da moral - o esvaziamento contraditório e sem sentido do pensamento nietzschiano. Mas a série é filosófica, reconhecendo que um psicopata não é um übermensch - para se estar acima de um preceito moral, é preciso reconhecer que ele existe. Hannibal se move pelos extremos da experiência humana: a capacidade de gerar arte e os instintos animais sublimados da raça humana. Como a Arte dispõe de mexer com os instintos, a série se move por uma questão estética, a estética da violência, refletida mais recentemente depois que obras como Uma Rajada de Balas e Operação França exibiram a violência para um público maior, em vez de simplesmente "passar a ideia". A série assim o reconhece colocando Artista (Hannibal) e Crítico (Will Graham) em cena - o Assassinato é a Arte, e Will é o crítico ideal para um artista pré-moderno e mesmo pré-romântico como Hannibal.

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